Prof. Dr. Elcio Marcantonio Jr. e Dra. Ísis Balderrama detalham a utilização do vidro bioativo, substituto ósseo sintético que tem apresentado bons resultados.
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Dentre todos os substitutos ósseos sintéticos disponíveis do mercado para aplicações clínicas em regeneração óssea, o vidro bioativo apresenta bons resultados1-2. A propriedade bioativa é a capacidade de um biomaterial interagir com as células e induzir uma atividade biológica específica humana, o que demonstra o processo de reparo e/ou regeneração tecidual2-3. O vidro bioativo Bioglass 45S5 foi uma das primeiras composições comerciais para aplicação em humanos desde 1971, sendo ainda considerado o padrão-ouro dentre os biomateriais bioativos por apresentar o maior índice de bioatividade quando comparado, por exemplo, com a hidroxiapatita ou vitrocerâmicas¹. Na Periodontia, em casos clínicos de terapia regenerativa, o uso clínico das nanopartículas de vidro bioativo já é bem documentado na literatura2,4, porém na Implantodontia poucos estudos investigam a sua aplicabilidade em cirurgias de regeneração óssea ou até mesmo em revestimento de superfície de implantes de titânio. Um estudo clínico avaliou o comportamento de três tipos de implantes dentários com diferentes revestimentos, tais como o vidro bioativo, a hidroxiapatita ou apenas a composição da liga de titânio. Os resultados foram positivos para o implante revestido com vidro bioativo, por resultar em uma alta resistência à reabsorção correlacionada à infecção bacteriana em áreas de maxila e mandíbula anterior5. Para casos clínicos de levantamento de seio maxilar, a enxertia óssea do vidro bioativo (Biogran) associado com o osso autógeno do ramo da mandíbula mostrou aos seis meses resultados similares de contração volumétrica, nova formação óssea e atividade osteoblástica, quando comparada com a enxertia apenas do osso autógeno6. Do mesmo modo, em outro estudo clínico com similar delineamento experimental em levantamento de seio maxilar, o grupo com Biogran associado com osso autógeno da crista do ilíaco se mostrou mais efetivo para regeneração óssea após seis meses de cicatrização, demonstrando que o vidro bioativo possui propriedade osteocondutora, osteoestimulatória e alta capacidade de adesão celular óssea7. A evolução constante de pesquisas e desenvolvimento em nanotecnologia visa adotar a aplicabilidade do revestimento de finas camadas de vidro bioativo em superfícies de titânio8-9, que resulta no aumento da capacidade osteogênica, assim como no aprimoramento dos parâmetros de rugosidade e porosidade. Além disso, quando aplicado em superfície de implantes de zircônia10, demonstra uma redução do tempo de osseointegração. Esse revestimento vítreo pode ainda proporcionar uma proteção antimicrobiana da superfície do implante dentário11. Uma pesquisa pré-clínica investigou a osseointegração de implantes de titânio com jateamento e duplo ataque ácido associados com uma camada de revestimento de vidro bioativo (BSF18). Os resultados demonstraram uma maior estabilidade primária após quatro semanas, assim como uma melhor propriedade de molhabilidade da superfície do implante, aprimorando o contato osso-implante e densidade óssea após duas semanas da osseointegração, quando comparado com os implantes sem o revestimento vítreo12. Mais pesquisas são necessárias acerca do tema, já que a proposta da nova geração de implantes dentários com o revestimento do vidro bioativo depende de vários fatores, como tecnologias industriais, composição do vidro, técnica de manufatura, demanda de alta complexidade e custo elevado.
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